Londres, abril de 1814Expectativas de família, e a culpa por não estar à altura delas,
seriam a ruína de Liz Medford. Dado que seu pai, o barão
James Medford, jamais fora um bastião da responsabilidade,
tendo acumulado uma verdadeira montanha de dívidas de jogo
até morrer inesperadamente, parecia injusto que os parentes espe-
rassem que ela, os salvasse ao se casar com Harold Wetherby.
O terceiro primo podia ter uma renda considerável, mas a lem-
brança das mãos suadas de Harold, tocando-a quando tinha ape-
nas catorze anos, era o suficiente para convencê-la de que não
Além disso, uma vez que havia se revelado um retumban-
te fracasso na seara do casamento, Liz tinha um novo plano.
No momento em que se encerrou o desjejum, apressou a
irmã mais nova, Charity, e a criada, Emma, para fora da casa
dos Medford e direto para o Hyde Park, ignorando a torrente de
Estavam no parque não tinha mais de um minuto, quando
Charity encarou Liz e lhe levantou o queixo.
— Agora vai dizer o que está acontecendo? Se continuar
a me provocar desta maneira, vou acabar morrendo!
Liz olhou para trás. Emma caminhava próxima o sufi-
ciente para que atuasse como acompanhante, mas sem ouvir a
— Está certo. Pelas últimas semanas, pensamos apenas em
uma coisa: conseguir um homem, qualquer homem que não seja
Harold, para que me peça em casamento. Agora que deixamos
o luto por papai, titio e mamãe estão ansiosos para que eu acei-
te a oferta. Estou ficando sem desculpas, mas talvez haja outro
— Pense. O que Harold ganharia ao se casar comigo?
— Seus contatos. Ele quer respeito, ascensão social.
— Exatamente — confirmou Liz, com alegria.
— Não quero me casar com Harold, certo? Bem, nós está-
vamos pensando que eu precisaria de uma oferta melhor para
me ver livre. Mas não preciso. Preciso apenas que ele retire sua
— Mas o que o levaria a fazer isso? Ele já sabe sobre a
situação financeira de papai, e nem esse grande fiasco o fez retro-
— Não, porque, pobre ou não, sou uma “moça de família”.
— Céus, Liz, não sei se gosto do que está pensando!
— Se eu não fosse mais respeitável, se eu estivesse, digamos,
arruinada, Harold voltaria atrás! — Quase tropeçou sobre uma
raiz, tamanha a excitação diante da ideia.
— Isso é muito ousado. Mas como você faria? E pense no
que mamãe e titio fariam! Atirariam você para fora, certamente.
Você seria deserdada, desonrada. Para onde iria?
— Eu poderia trabalhar para viver, por exemplo. — Liz
mordeu o lábio, ciente de que seu plano tinha mais coragem do
que conteúdo. — Eu teria o que fazer. Sou boa com agulhas,
assim poderia trabalhar para uma costureira. Ou então tornar-
me uma governanta. Qualquer coisa seria melhor do que casar-
me com Harold. Eu seria forçada a tolerar seu toque e.
Arrepiou-se, mas lutou para recuperar o controle sobre as
emoções. A irmã mais nova não precisava saber o quanto o pri-
mo distante a assustava. Ele havia tentado chamar sua atenção
anos antes, e agora que ela estava mesmo a seu alcance, não
pararia por nada até que a houvesse desposado.
A não ser, é claro, que se casar com ela ameaçasse suas
ambições e lhe ferisse a preciosa reputação.
— É com você que estou preocupada. Meu casamento
— Faça o que precisar. E não se preocupe demais comigo.
Pelo amor de Deus, não se case com o monstro só porque ele
se ofereceu para manter-me alimentada e vestida. Mas, para que
seu plano dê certo, sua reputação deve ser totalmente destruída,
e em breve. Você parece se esquecer de que, apesar dos escân-
dalos e dívidas de papai, você, irmã querida, não tem qualquer
— Você já pensou em tudo. Está tramando algo.
— Bem, conte-me! Você sabe que não suporto quando não me
Liz sorriu, serena, ainda que seu coração se acelerasse.
— Você não pensou que viemos ao Hyde Park apenas para
um passeio, pensou? Não, Charity, decidi que a melhor manei-
ra de destruir minha reputação, de maneira que seja certo que
Harold jamais se aproxime de novo, é ser pega em uma situação
— Mas. você precisaria de um homem disposto a participar
dessa farsa. Nenhum cavalheiro jamais aceitaria tal coisa!
Mas Alex Bainbridge, duque de Beaufort, talvez.
Liz o avistou passeando por um caminho lateral. Mesmo àque-
la hora da manhã, o homem tinha a aparência de um predador.
Desde que se interessara pelo belo duque, na infância, seguindo-
lhe cada movimento com fascinação, ela soubera de sua reputa-
ção, a combinar com a aparência letal. Fora assim que descobrira
também que ele tinha o hábito de passear pelo parque sempre
— Vai fazer isso agora? Tem certeza de que não há outra
— Mary Sutherby e a irmã estão logo ali. Vou juntar-me a
— Cuidado, Charity, é exatamente o que não vou ter.
Os olhos da irmã se arregalaram de apreensão e admiração.
— Boa sorte — disse, e se afastou, apressada.
Liz virou-se. Um olhar apenas em direção a Emma foi o sufi-
ciente para que a criada ficasse ainda mais para trás.
Apressou-se, então, apenas o suficiente para que interpelas-
se o duque enquanto passava-lhe à frente. Puxou o vestido um
pouco para baixo, de modo a exibir mais o colo, lembrando-se
de que sua presa estava acostumada a mulheres ousadas.
— Srta. Medford. — O duque reduziu o passo.
— Posso tomar-lhe um momento? — O coração dela se ace-
lerou. Teve de levantar a cabeça a fim de encontrar-lhe os olhos.
Os vastos cabelos negros do duque roçaram as faces mal barbea-
das quando ele se curvou para cumprimentá-la.
— É claro. Precisa de algum tipo de ajuda?
O duque olhou em volta, como se houvesse alguma
Liz respirou fundo. Como abordar o caso? Os livros de eti-
queta não cobriam o assunto sobre destruir a reputação de
alguém, apenas diziam como preservá-la.
— Obrigada, Vossa Graça, por permitir-me um momento de
seu tempo. Não estou aqui para engrossar as fileiras de mulheres
oferecidas que o cercam, esperando que lhes ofereça a mão.
— Não? — Ele deu um sorriso. — Minha habilidade na
valsa deve estar diminuindo. Em geral, não é preciso mais do
Contente por ter sido lembrada, Liz duelou contra o desejo
de responder justamente da maneira que havia se prometido a
— Se não é de outra dança que está atrás, e se não teve qual-
quer infortúnio no parque, então como posso ser de serventia?
— Na verdade, tenho uma proposta a fazer.
É mesmo? Uma proposta vinda de uma dama?
A voz era provocante, mas as feições estavam em alerta.
— Apenas espere até que a tenha ouvido.
O duque gargalhou, analisando-a com um olhar descrente, e
ela sentiu um arrepio diante do que estava prestes a fazer.
— Veja, minha mãe está me obrigando a me casar e eu gosta-
— Como? — murmurou o duque. — Deixe-me compreender.
— Por mim? — O rosto do nobre tomou um ar mascarado,
e a expressão cínica substituiu a franca gargalhada de
— Sim. Não tenho muita experiência nesses assuntos, mas
pensei que Vossa Graça saberia como pôr algo assim em prática.
— Imagino que o benefício para milorde seria o que os cava-
lheiros buscam quando arruínam uma donzela.
— É claro que se milorde estiver inseguro sobre como
— Não é meu conhecimento nessa área que me faz pensar.
É a tolice da sua proposta. Sabe o que está pedindo?
— Então sabe o que acontecerá a você.
— Sem dúvida. — Sorriu. Ele poderia não entender, mas
aquelas consequências eram exatamente o que ela pretendia.
— Lamento. Não estou interessado. — Ele se virou para ir
— Por que não? — Ela não pôde evitar.
— Pode soar como surpresa, mas não tenho o hábito de sedu-
zir inocentes e assim isentar-me de minhas responsabilidades.
Mas não compreendia. Não tinha ele, justo aquela reputação?
— Bem, milorde não precisaria me seduzir. Poderíamos
apenas deixar que o rumor se espalhasse.
— Eu já lhe disse. Não estou interessado. — O duque olhou
por sobre o ombro, como se devesse estar em outro lugar.
O constrangimento a invadiu, e a garganta apertou-se sob a
ameaça do choro. Era hora de aceitar a derrota.
— Neste caso, agradeço por seu tempo, Vossa Graça. Ficaria
grata se não mencionasse nada desta conversa a ninguém —
murmurou, reunindo os últimos retalhos de dignidade.
Liz virou-se e se afastou o mais rápido que seu vestido lhe
Alex analisou a ruiva enquanto ela se afastava, apressada.
Toda a família Medford devia estar louca. Era a única explicação.
Ele havia dançado com ela em um baile, e a moça lhe parecera
Mas ele não soubera quem ela era até que fosse tarde demais.
Tendo crescido com Liz, no entanto, bem sabia sobre sua
solidão. De qualquer modo, jamais tinha imaginado que a
inocente garota planejava pedir-lhe que se envolvesse em tão
ilícita relação. Onde ela arranjara tal ideia?
— Liz, uma palavra com você — disse lady Medford, abor-
dando a filha no momento em que cruzava a porta de casa.
Charity, a quem Liz tinha se juntado no parque antes que vol-
tasse a casa, ouviu o tom da mãe e desapareceu como névoa sob
o vento, deixando-a para que se defendesse sozinha.
Lady Medford caminhou ao longo do corredor e Liz a seguiu,
resignada, arrastando os pés sobre o piso encerado de madeira.
A mulher virou-se e encarou a filha como um general se dirigin-
— Chegou ao meu conhecimento que você foi vista
Liz soltou um grunhido. O duque era a última pessoa sobre
— Creio que não. — Beaufort deixara bastante claro que não
— Bom. É melhor que não se envolva com ele.
Agora Liz estava confusa, já que a afirmação de lady Medford
a qualificava como a única mãe em toda a cidade que não dese-
java ter a filha cortejada pelo rico, belo e disponível duque
— Mamãe, eu asseguro de que não houve nada. Foi apenas
— Ainda assim, o homem tem uma péssima reputação.
Qualquer envolvimento com ele tem grandes chances de se
revelar uma decepção para você. Além do mais, não creio que
Liz olhou a mãe, espantada. Ela havia evitado a menção
ao marido desde que este falecera. Então por que ela o fazia
— Está tudo bem, mamãe. Não tenho qualquer esperança de
— Muito bem. Céus! Este ambiente precisa ser arejado.
Os criados estão se tornando relapsos em seus afazeres.
Liz manteve a boca fechada. Os criados não eram relapsos.
Estavam partindo. Sabiam tão bem quanto qualquer um que
seu pai havia morrido sem deixar herança, e sim dívidas con-
sideráveis. Lentamente, vinham arranjando emprego em casas
Virou-se para partir, presumindo que a mudança de assunto
Liz fechou os olhos por um momento. Poderia seu dia tor-
nar-se ainda pior? Primeiro, a cena humilhante e malsucedida
no parque. E agora, quando só queria paz, deveria receber.
E com que propósito? A mãe anunciaria seu noivado em
questão de horas, e ela já estava sem ideias sobre como evitar
— Wetherby está esperando na sala de costura. Quis ter cer-
teza de que você não nutria nenhum sentimento por Beaufort
antes que a enviasse até lá. Mas vejo que, ao menos neste
Liz se encolheu. Falar sobre o duque de Beaufort era infinita-
mente preferível a falar com Harold Wetherby.
— Não podemos mais esperar, Liz. O fato de Wetherby não
ter um título é lamentável, mas sua renda não. Dei-lhe todas
as razões para que pensasse que seu pedido será aceito, ainda
que, é claro, ele queira ouvir isso de sua boca.
Maldição. O plano podia ter falhado, mas, de qualquer modo,
não estava pronta para encarar o primo.
— Sim. Vou vê-lo assim que me recompuser do passeio ao
— Vou pedir que o mordomo transmita o seu recado.
Quinze minutos mais tarde, Liz adentrava o recinto. Seu inde-
sejado futuro noivo encontrava-se à janela, batendo os calçados
caros sobre o piso. Não parecia muito feliz em vê-la.
— Harold — ela saudou com tanta polidez quando pôde
reunir, forçando um sorriso nos lábios.
Ela se retesou enquanto ele se aproximava.
— Você está ótima — ele elogiou, parando apenas quando
estavam a alguns centímetros de distância. — Melhor do que
esperaria de alguém lidando com o luto.
— Tem razão. Ainda assim, você tem seguido em frente um
Liz ergueu o queixo, num desafio. Do que ele a estava
— Não? Então deixe-me explicar. Por que pensa que me
Liz tinha muitas teorias àquele respeito, mas, como Harold
não iria apreciar nenhuma delas, manteve-se em silêncio.
— Respeitabilidade, Liz! Sua ausência de dote eu posso
tolerar. Tenho fundos suficientes. Mesmo assim, planejo frequen-
tar a sociedade, e certamente quero o respeito que deveria advir
com o casamento com a filha de um nobre.
— Claro. Mas isso não explica por que me escolheu.
— Você sabe muito bem por quê. Seu pai, o jogador desgraça-
— Compreendo — ela murmurou. Desistiu de mencionar
que, para alguém que alegava querer respeitabilidade, ele não
parecia ter escrúpulos quanto a usar uma linguagem inadequada
— Claro que não compreende. De outra forma, teria mais
— Cuidado, Liz! Não vou aceitar uma esposa que me
responda assim. Muito menos uma que tenha se arruinado.
Mesmo insultada como estava, Liz sentiu um raio de espe-
rança. Ainda não havia feito nada inapropriado. Mas, se Harold
acreditava ser diferente, talvez pudesse convencê-lo de que o
— Ainda não sou sua esposa, e você ultrapassa os limites
— Então o que significa isto? — Ele passou o dedo indica-
— Como ousa? — Ela o estapeou, indignada.
— Por que não deveria? — Harold avançou outra vez, lan-
çando-lhe um olhar maldoso. — Você se esforçou bastante para
se deixar à mostra. Uma mulher respeitável teria mais cuidado
ao se vestir. Assim como fará você quando for minha esposa.
— E além do mais, você precisa ter mais cuidado com as suas
— O duque de Beaufort! — explodiu o homem, com o rosto
— Se está tão preocupado com seus avanços na sociedade,
devia estar satisfeito por casar-se com alguém requisitado por
figuras mais preeminentes do que o senhor.
— Por mais que seja preeminente, o duque é um conhecido
libertino! Todos sabem disso. Ainda assim, você o acompanha
Talvez o plano estivesse funcionando, concluiu Liz, lançando-
— Bah. Ele aprecia sua inocência, talvez. Mas, de agora em
diante, vai guardar seus flertes e seu corpinho deleitável apenas
— Eu não havia me dado conta de que você era tão. anti-
quado. Afinal, pouquíssima gente na cidade espera um cônjuge
fiel. Talvez não combinemos muito, no final das contas.
— Combinamos bem o suficiente. — Harold deu um passo à
frente, fechando a mão em volta do braço dela. — Não vou dei-
xar que seja arruinada por outro homem. O direito ao seu corpo
é meu. E vou casar-me com a filha de um barão, não com uma
A bile subiu pela garganta de Liz ante a ideia de ela ter de
encarar a intimidade de tal monstro. Sem pensar, ela o estapeou
Harold a soltou tão depressa que ela chegou a cambalear.
— Sua cadela! — berrou, segurando o nariz.
— Saia daqui. — Ela apontou um dedo em direção à porta.
Harold cambaleou até a saída e então se virou.
— Não pense que isto está encerrado, Liz. Você pode se safar
agora, mas, como minha esposa, vai aprender a se curvar dian-
te de minhas vontades. — Bateu a porta atrás dele com tanta
força que fez a madeira reverberar sobre a soleira.
Liz sentou-se, tremendo, na poltrona mais próxima, e abra-
çou a si mesma com força. A pele do braço ainda ardia onde
ele a havia apertado. Na manhã seguinte, haveria hematomas,
A gritaria de Harold, contudo, podia significar que ele estava
a ponto de desistir do casamento. Não poderia tratá-la daquela
Alex mirava o brandy através da penumbra do escritório.
Pensara em passar a noite em casa, mas o incidente da manhã,
no parque, se repetia em sua cabeça. Por que não podia simples-
mente bloqueá-lo? A adorável ruiva era tão louca quando o pai,
mas o desespero que flagrara em seus olhos devorava-lhe a
Ela jamais teria se aproximado se soubesse o que ele faria. Ou
talvez tivesse, refletiu após um longo gole do conhaque. Afinal,
ele havia tomado parte na destruição de sua família, ainda que
não tivesse sido nada intencional. Por que ele não terminaria
Não. Irredimível como era, não desceria tão baixo. Aquilo
Os olhos verdes e magoados de Liz dançaram em sua mente.
Se ela ao menos soubesse. Não teria sido sacrifício nenhum.
Ele podia se ver beijando o lábio carnudo ou o canto do sorriso
tímido. Exploraria as formas esguias de seu corpo, a curva dos
Virou o resto do brandy e se levantou. Até o pensamento o
Precisava de distração. Uma noite de cartas e bebedeira, tal-
vez. Já que havia dispensado sua última amante, e como não
gostava de casas de tolerância, iria se restringir aos clubes de
Alex chegou ao White’s mais tarde naquela noite, apenas um
pouco bêbado, e seguiu imediatamente para sua mesa. Os lor-
des Stockton, Wilbourne e Garrett, todos antigos jogadores, já
estavam sentados e dedicados ao agradável passatempo de
Enquanto sentava-se, um garçom apareceu com um copo
de seu costumeiro conhaque, e Alex o agarrou. As três doses
que tinha bebido antes de sair de casa não tinham apagado de
sua memória a menina tentadora que lhe havia oferecido sua
própria ruína naquele dia. Tampouco as lembranças do pai dela.
Os outros homens o conduziram a um jogo de cinco cartas.
Jogaram várias rodadas, mas a mente de Alex não estava ali.
— Qual foi a coisa mais estranha que já ganharam nas
— Uma pequena propriedade na Escócia — lembrou-se lor-
de Stockton. — No alto das montanhas. Um lugar selvagem
onde nenhum inglês em sã consciência viveria.
Lorde Garrett, o mais jovem, arrepiou-se.
— De qualquer maneira, terras são terras, e com frequência
se aposta para obtê-las. Isso não é tão estranho. Eu, por outro
lado, mereci ganhar um leitão premiado.
— Você, dono de um porco? — Wilbourne gargalhou.
— Pelo tempo que me leve até que o venda a qualquer preço.
Stockton balançou a cabeça. Apostador experiente, lidava
— Um porco! — Wilbourne riu outra vez. — Algo que
— Uma mulher — contou Alex, e quase imediatamente se
arrependeu. Devia ter parado de beber quando houvesse alcan-
çado o ponto em que a boca funcionava mais rápido do que
Os outros três o fitaram, interessados.
— Conte. — Wilbourne baixou as cartas.
— Amante de alguém? — colaborou Garrett.
Ele sacudiu a cabeça, desejando não ter de explicar.
Os três homens pareceram horrorizados, e Alex suspirou.
— Eu estava apostando com um homem que havia passa-
do dos limites. Eu não sabia, ou então jamais teria jogado com
ele. De qualquer forma, é suficiente dizer, quando ele se deu
conta de que não poderia pagar por suas muitas perdas, ofereceu
— Quem faria tal coisa? — ofegou Wilbourne.
— O homem já faleceu. Prefiro não citar o nome e não pisar-
— Uma atitude positivamente medieval — confirmou
— Você aceitou? — perguntou Garrett.
— É claro que não aceitou — respondeu Wilbourne por Alex.
Uma homem sentado à mesa mais próxima, o qual Alex, em
meio ao torpor do álcool, não foi capaz de identificar, levan-
tou-se e roçou suas costas enquanto passava, fitando-o por um
pouco mais de tempo do que seria educado. Havia ouvido a con-
Garrett olhou para Alex, buscando confirmação.
— Não, não aceitei — ele disse.
Seria sua reputação tão ruim a ponto de que os amigos o jul-
gassem tão mal? Possuíra muitas amantes e concubinas, mas
jamais havia tomado uma mulher que não se apresentasse por
— Lamento arruinar suas expectativas, Wilbourne, mas vai
ter de se contentar em ganhar o dinheiro desses outros cavalhei-
Liz chegou ao refúgio temporário do quarto, caminhou
por alguns segundos, e então abriu o guarda-roupa e o baú.
Contemplou quais coisas seriam mais essenciais para que
levasse consigo. A fúria e o medo que sentira diante de Harold
haviam cedido, deixando para trás uma sentença firme.
— É um homem horroroso. Um verdadeiro animal.
Liz se assustou quando deram voz a seus pensamentos.
— Charity! Você realmente sabe surpreender as pessoas.
— Não muito. — Ela esfregou o braço.
— Liz, como você pode suportar? Ele é terrível demais.
Com renda ou não, não consigo compreender por que mamãe
e nosso tio querem que se case com ele. Fiquei feliz por você
— Está errada. Ele merecia aquilo e mais. Você não pode
Charity olhou em volta, parecendo notar pela primeira vez
as malas que a irmã estava fazendo.
— Acho bom mesmo. — Charity suspirou. — Mas para onde
vai?— Vou visitar Bea. Ela vai me abrigar até que eu pense em
Lady Beatrice Pullington havia adentrado a sociedade no
mesmo ano que Liz, e as duas tinham se tornado amigas bem
depressa. Bea se casara quase imediatamente, já que a família
fizera arranjos antecipados com lorde Pullington, um membro
mais velho da linhagem. Mas o homem havia vivido por ape-
nas seis meses, até que seu frágil coração cedesse por completo,
deixando Bea como uma próspera e jovem viúva.
Pelos últimos dois anos, Bea havia mantido a casa na cida-
de, um privilégio garantido por seu status de viúva. Era bonita
e rica o suficiente para atrair outro marido. De qualquer modo,
não tinha desejo de renunciar à independência que julgava mere-
cer após o breve, porém, difícil casamento.
Liz sabia que poderia encontrar refúgio temporário com a
— Devo escrever-lhe uma mensagem enquanto você faz as
— Não. Ela teria de ser entregue, e é melhor que pouca gente
saiba de meu destino. Confio que Bea não me deixará plantada
à porta, por mais inesperada que seja minha visita. E também
sei que posso confiar em você para que não diga nada a ninguém.
— É claro. E, Liz, você pode fazer isso sozinha. Não precisa
— Ah! Nem me lembre disso. Em que eu estava pensando?
— Ah, não seja tão dura consigo. Talvez você quisesse ape-
nas um pouco de diversão, antes de se confinar a uma vida de
tédio. O duque é bem “quente”, não é?
A irmã sorriu, depois voltou a ficar séria.
— Esta noite, depois que mamãe tiver se recolhido.
— Perfeito. Vou dizer que você escapou enquanto eu dor-
mia. E vou agir como se estivesse magoada por não ter confiado
Liz sorriu e deu um rápido abraço na irmã. Então fechou a
Nas horas seguintes, as duas circularam pela casa, fingin-
do estar tudo normal sempre que os criados se aproximavam,
e fazendo planos sussurrados quando se viam a sós.
A noite chegou, mas nenhuma mostrava qualquer inclinação
para o sono. Charity olhou através da janela de Liz, agarrando
as cortinas. A irmã, estranhamente calma, sentava-se próximo
— Ouvi mamãe dizer que tem um encontro na residência dos
Jameson esta noite. Assim que ela se for, você pode seguir seu
rumo. Olhe! O condutor já está preparando o coche.
Liz concordou. O velho condutor, Fuston, estivera dirigin-
do na noite do acidente e havia desaparecido logo após a morte
do pai dela. Na certa sentira-se culpado demais para permanecer
— Pronto, minha irmã. Mamãe está subindo no coche!
Liz se levantou e contemplou a irmã que amava com todo o
— Charity, tem certeza de que estará bem, depois que eu for?
— É claro. Eu sei que não ficarão felizes comigo, mas posso
suportar. Não precisa mais me proteger, Liz.
— Vou sentir a sua falta mais do que tudo! — Recompôs-se
rapidamente. — Vá na frente e consiga uma carruagem. Vou
terminar aqui e estarei pronta quando ela chegar.
Olhou o adorável quarto verde e dourado que conhecera
por anos, e bateu a porta para aquela antiga vida.
O estábulo dos Derringworth, localizado nos arredores de
Londres, servia apenas aos clientes mais distintos: nobres, em
sua maioria. A empresa possuía tudo, desde cavalos de corrida
até montarias para donzelas, com apenas uma regra: qualquer
cavalo proveniente dos Derringworth era da mais alta qualida-
de. A operação representaria a epítome do que Harold Wetherby
aspirava se tornar. Motivo pelo qual o homem estava a caminho
de lá, interessado em conseguir um novo animal.
Um jovem encontrava-se sentado a uma pequena escrivani-
nha à esquerda da entrada, e se levantou ao vê-lo.
— Harold Wetherby. Vim para ver o garanhão que, dizem,
— Sr. Wetherby. Sim, vi seu nome em nosso livro. Tim
Kemble. Sou assistente do sr. Derringworth.
Um assistente? Sua visita não merecia a presença do proprie-
tário?, perguntou-se Wetherby, irritado.
— Se milorde me acompanhar, podemos dar uma olhada no
Passaram por uma baia vazia, depois por várias que abriga-
vam belos reprodutores e éguas, até que Kemble se deteve.
— Este garanhão é soberbo. Descendente de Warrior Prince.
Agora, se é de um cavalo para cavalheiros que milorde está
atrás, pode se interessar pelo Marty aqui. — Gesticulou para
dentro de uma baia. — É também um belo animal.
Harold lançou ao bicho um olhar impaciente. O cavalo era
mesmo excelente, mas suspeitou de que Kemble o houvesse
julgado mentalmente como indigno do melhor animal que o está-
— Alguém aí? — Uma profunda voz masculina soou da
CURRENT STATUS OF ANALYTICAL METHODS FOR THE DETECTION OF RESIDUES IN BEE PRODUCTS Swiss Bee Research Centre, Federal Dairy Research Station, Liebefeld, Schwarzenburgstrasse 155, CH-3003 Bern, Tel: +41(0)31 323 82 08, Fax: +41(0)31 323 26 02, [email protected], The objective of this paper is to review shortly the current status of the analytical methods, used for the examinati
Summary of ESF-Drexel University Global Humanitarian Mission The Team comprised of a multidisciplinary group of Family and Psychiatric Nurse Practitioner, Physician Assistant, Nurses, Medical Doctors and non-medical personnel. The student and faculty group was led by Dr. Sharon Byrne, Dr. Dorit Breiter and Ms. Juanita Gardner. The Drexel Administrator was led by Ahaji Schreffler and